Quando se pensa em cultura digital, associa-se logo com conceitos e aplicações da era digital. Ok, concordo. Mas estou hoje aqui para falar de uma outra Cultura Digital.
O Portal Cultura Digital é um espaço de ativismo social cidadão. Possui hoje 5.796 membros. Incluo-me entre eles, e por que não dizer, com muito prazer. É realmente prazeroso, para quem cresceu nos anos de chumbo, poder participar de espaços tão horizontais e livres.
Neste portal, os membros discutem, colaboram e integram-se em todas as pautas que envolvem as transformações sociais geradas pelas formas de aplicação destas novas tecnologias.
Os conceitos que fundamentam este espaço são basicamente os seis tópicos apontados por Manuel Castells, em seu dossiê, publicado pela revista Telos, mantida pela Fundación Telefônica. São eles:
1. Habilidade para comunicar ou mesclar qualquer produto baseado em uma linguagem comum digital;
2. Habilidade para comunicar desde o local até o global em tempo real e, vice-versa, para poder diluir o processo de interação;
3. Existência de múltiplas modalidades de comunicação;
4. Interconexão de todas as redes digitalizadas de bases de dados ou a realização do sonho do hipertexto de Nelson com o sistema de armazenamento e recuperação de dados, batizado como Xanadú, em 1965;
5. Capacidade de reconfigurar todas as configurações criando um novo sentido nas diferentes camadas dos processo de comunicação;
6. Constituição gradual da mente coletiva pelo trabalho em rede, mediante um conjunto de cérebros sem limite algum. Neste ponto, me refiro às conexões entre cérebros em rede e a mente coletiva.
O portal contempla 5 eixos de debates, que são:
1. Memória Digital (acervo, história e futuro);
2. Economia da Cultura Digital (compartilhamento, interesse público e mercado);
3. Infraestrutura para a Cultura Digital (infovia, acesso e inclusão);
4. Arte Digital (linguagem, democratização e remix);
5. Comunicação Digital (língua, mídia e convergência).
Já existem membros que representam a sociedade civil brasileira nos debates mundiais. A discussão aberta sobre PNBL – Plano Nacional de Banda Larga – que aconteceu na internet a alguns meses atrás, bem como a discussão sobre a LDA – Lei do Direito Autoral – foram duramente disputadas e proporcionadas pelos integrantes deste portal. Na entrevista que fiz com Jéssica Rehia, pesquisadora integrante do GPOPAI – grupo de Pesquisa em Politicas Publicas de Acesso a Informação – no FISL11, ela declarou que no caso da abertura da consulta pública sobre a LDA foi uma luta que durou 3 anos.
A consulta, uma vez autorizada, foi organizada e disponibilizada pelo portal em questão.Cada pessoa que desejasse participar, entrava na página, registrava sua posição e desta forma contribuía com a construção da mobilização social brasileira. É fundamental destacar aqui, que para participar da consulta pública e votar nas emendas e modificações que deveriam sofrer a LDA, não era necessário qualquer pré requisito, como o domínio dos verbetes usados na estruturação das leis e das emendas. Os participantes escreviam com suas palavras o que pensavam e quais as mudanças que queriam ver contempladas. Estes resultados foram levados à Brasília em reuniões com o Congresso Nacional e agora estão correndo o planeta.
O Digital Book World, fórum de discussão e atualização sobre as mais recentes novidades do mercado mundial do livro digital, ocorreu nos dias 25 e 26 de janeiro de 2010, em Nova York. Com certeza estávamos lá representados, por integantes desta grande comunidade.
Existem novidades também a respeito dos debates sobre a forma de implementação do PNBL, no portal da Cultura Digital. São várias notícias, que não cabe a mim reproduzir aqui. Quem desejar se aprofundar neste ou em outros debates, é só seguir o link.
Mas as notícias não param por aí. Existem ações relacionadas a Universidade Nômade, sobre políticas públicas para um Brasil de Banda Larga, com amplo e livre acesso. Outra atividade em destaque, foi o 2º Fórum de Cultura Digital, realizado em São Paulo. Um mutirão tecnológico chamado “Transparência Hackday“.
Debates sobre Convergência Digital, dados abertos sob demanda, desenvolvimento de programas e projetos para a educação no espaço desenvolvido para estes debates – o Educarede – também estão contemplados neste portal.

Leslie Hulse é a Vice-presidente da empresa de Desenvolvimento de Negócios Digitais de Publicadores HarperCollins, que é um dos maiores publicadores de língua inglesa no mundo
Enfim, não vou ficar aqui enumerando exaustivamente todos os tópicos e debates que você encontrará no Portal Cultura Digital. Construí esta matéria por dois motivos principais:
Comemorar o crescente ativismo social que verificamos em espaços como este e convidá-los para participarem deste espaço. Pois, se você também acha que não vivemos em um mundo perfeito, nem estamos próximos de ter condições ideais de vida para a humanidade e para o planeta, eu digo que não adianta apenas reconhecer isto, nem tampouco, contentar-se em criticar.
Para as mudanças acontecerem é necessário uma atitude propositiva, colaborativa. Então eu proponho a você: Que tal fazer uma visita a este portal e, quem sabe, participar mais ativamente dos rumos do seu planeta?
Como de costume, deixo a você um presente, que não é meu. Apenas o repasso, por estar totalmente disponível. É um presente produzido por uma equipe de profissionais admiráveis.
Pela spalavras de @rodrigosavazoni, em 26 de setembro de 2009.
Car@s,
Depois de um último esforço de revisão, é com prazer que compartilho com tod@s o livro CulturaDigital.BR, organizado por mim e por Sérgio Cohn, com a supervisão de José Murilo Jr. e Álvaro Malaguti, integrantes da coordenação executiva do Fórum da Cultura Digital Brasileira.
O livro é o nosso caderno de provocações. Pretendemos com esse trabalho estimular a rede a refletir sobre os desafios contemporâneos. A partir de conversas abertas com pensadores de diversas áreas do conhecimento, procuramos mapear as principais questões que circundam a cultura digital. Trata-se da abertura de um diálogo.
Geralmente, os projetos publicam livros ao final. Nesse caso, publicamos no começo, para garantir que as ideias circulem, avancem e se conectem.
O livro conta com entrevistas de Alfredo Manevy, André Lemos, André Parente, André Stolarski, André Vallias, Antonio Risério, Bernardo Esteves, Claudio Prado, Eduardo Viveiros de Castro, Eugênio Bucci, Fernando Haddad, Franklin Coelho, Gilberto Gil, Guido Lemos, Hélio Kuramoto, Jane de Almeida, Juca Ferreira, Ladislau Dowbor, Laymert Garcia dos Santos, Lucas Santtana, Marcelo Tas, Marcos Palácios, Ronaldo Lemos, Sergio Amadeu e Suzana Herculano-Houzel.
Nesta página, você encontrará muitas sugestões de livros sobre as Redes, política, economia e sociedade.
Ainda no portal PDL – Pela Democratização da Leitura, ainda poderá encontrar muita informação, de todas as áreas de interesse.
Entre e informe-se.